Shaheem Sanchez

Para Shaheem Sanchez, 28, dança é assunto de família: seu pai, falecido pouco antes de seu nascimento, era também dançarino; já seu irmão mais novo, Leon Burns (mais conhecido como Kida the great), é hoje um dos grandes nomes do hip-hop norte americano.

Surdo desde os quatro anos de idade, o estadunidense Shaheem Sanchez Burns tem na música um porto seguro. Pelas vibrações sentidas sob seus pés e pelo pouco que escuta com o auxílio de aparelhos auditivos, a música o arrebata por inteiro, fazendo de seu corpo terremoto. “Música me faz sentir feliz; música me faz sentir livre”, diz.

Com as mãos na caixa de som, o rapaz percebe e memoriza as batidas para, a partir delas, criar uma nova coreografia, muitas vezes entremeada por sinais. Dessa fusão –  a signdance – resulta beleza e potência, partilhadas por ele em oficinas, cursos e camps  específicos (como o ASL Music Camp, que introduz surdos e ouvintes à arte da interpretação musical). “Eu quero apenas ajudar, ser uma referência nas comunidades surdas. Você não deve, nunca, desistir. Mostre ao mundo que os surdos podem”, reitera o dançarino e ator surdo.

Para assistir a vídeos com Shaheem Sanchez, clique aqui e aqui.

 
Shaheem Sanchez (2)
 


Categoria: Dança
País: Estados Unidos
Línguas: Inglês e American Sign Language (ASL)
Site oficial: https://facebook.com/shaheemrs


 
 

Andrey Dragunov

Há pouco mais de cinco anos, o vídeo “Unleash your fingers” – produzido pela Samsung para divulgar o (então) novo Galaxy SII – viralizou nas redes sociais: nele, JayFunk aparece a “dançar com os dedos”, em uma sequência impressionante de movimentos (clique aqui para ver o anuncio). Essa “coreografia manual” que encantou milhões de internautas mundo afora chama-se finger-tutting (o nome “tutting” vem de Tut, o faraó Tutancâmon, em alusão às posições angulares que lembram poses egípcias), um tipo de dança que envolve dedos, punhos e braços, em um intricado ballet de mãos. Entre os praticantes do finger-tutting, um ganha notoriedade pela maestria de suas performances e também por ser surdo: o russo Andrey Dragunov. O jovem, que treina desde os 15 anos, destaca-se como um grande nome dessa arte, chamando a atenção de muitos em seu país. E se a língua de sinais já exige uma destreza especial com as mãos, o finger-tutting exige ainda mais – o que não parece ser um obstáculo para o rapaz, que vem fazendo enorme sucesso entre surdos e ouvintes. Clique aqui para assistir à participação de Andrey Dragunov em um programa de talentos russo ou aqui para ver uma matéria sobre ele.

 
Andrey Dragunov
 


Categoria: Dança
País: Rússia
Línguas: Russoрусский жестовый язык (Língua de Sinais Russa)


 

 

Lin Ching-lan

Como outras tantas dançarinas surdas, e a despeito daqueles que lhe diziam ser impossível dedicar-se à dança, Lin Ching-lan venceu os obstáculos que lhe eram impostos e provou que, de fato, “surdos podem fazer tudo, exceto ouvir”. Desde os sete anos, quando começou a praticar ballet, a jovem taiwanesa faz da vibração no piso de madeira a sua forma de “ouvir” música, criando a partir daí belíssimas coreografias. E se pequenina foi rejeitada em várias escolas de dança de Taiwan, hoje Lin Ching-lan brilha sobre os tablados, acumulando prêmios e honrarias (como o Miss Surda Ásia, em 2015). Há alguns anos, Lin criou a primeira companhia de dança para surdos de seu país, com quem tem se apresentado mundo afora.

 
Lin Ching-Ian
 


Categoria: Dança
País: Taiwan
Línguas: Mandarim e Taiwanese Sign Language ( 台灣手語 )


 
 

Denisse Limcuando

Ainda pequena, quando frequentava o Phillipines Institute for the Deaf – PID (uma das principais escolas para surdos das Filipinas, de abordagem oralista), Denisse Limcuando começou a ter aulas de ballet. Com a ajuda de seu aparelho auditivo e pelas vibrações do som, a música logo se tornou dança em seus passos coreografados.

Das aulas na PID, Denisse passou a integrar o prestigiado Ballet Manila, onde, entre outros espetáculos, estrelou o famoso “O Quebra-nozes” (de Tchaikovsky) ao lado de bailarinas ouvintes.

Sobre o futuro, a jovem diz pretender ensinar aos mais novos a beleza do ballet: “quero ensinar crianças pequenas e dizer a elas que se eu posso fazer isso, elas também podem; quero lhes ensinar o valor do treino e do trabalho árduo”, afirmou ela ao jornal Manila Bulletin.

A trajetória de Denisse Limcuando, há não muito tempo, inspirou o curta-metragem “Reverb”, de Sofia Costales – clique aqui para assistir.

 
Denisse Limcuando
 


Categoria: Dança
País: Filipinas
Línguas: Inglês e Filipino Sign Language


 

Projeto Céu e Terra

Categoria: Dança
País: Brasil
Línguas: Português e Língua de Sinais Brasileira (Libras/LSB)

Por conta da síndrome de Arnold-Chiari (uma malformação rara e congênita do sistema nervoso central), Wilmara Marliére de Paula chegou a perder boa parte de sua audição – mas isso não foi o suficiente para fazer com que ela  abandonasse uma de suas grandes paixões, o balé. Enquanto sua perda auditiva se agravava, ainda na década de 1990, Wilmara começou a traçar diferentes estratégias para se manter na dança, experimentando a reverberação do som em diferentes materiais (como panelas de alumínio, placas de ferro galvanizado, tubos de metais etc.). Desses primeiros esforços surgiram os embriões do Projeto Céu e Terra, que em 1997 ganhou a sua primeira turma de crianças surdas em Belo Horizonte, Minas Gerais. “Na primeira experiência que tive, parecia que eu estava nascendo junto (…), eu percebi que os sons, para elas, eram vida“, diz a bailarina em matéria da TV Horizonte. Por meio das vibrações do som (e com um trabalho de estimulação auditiva), suas alunas entram em contato com a música, com os movimentos coreografados do balé e com toda a potência artística da dança. Após uma série de cirurgias, a audição de Wilmara foi recuperada, mas a vontade de dar continuidade à sua empreitada não esmoreceu. Hoje, quase vinte anos depois, mais de mil crianças já foram atendidas pelo projeto, que também passou a oferecer aulas de música para alunos cegos. Clique aqui para assistir a um pequeno vídeo sobre o projeto e aqui para assistir a trechos de uma apresentação do grupo.

 
Projeto Céu e Terra