María Angeles Narváez

Se com palmas, castanholas, cantes, violão e sapateado o flamenco nos deslumbra a alma, imaginá-lo entremeado pelas línguas de sinais nos maravilha ainda mais. Essa mistura, que para alguns talvez pareça improvável, é feita com muita graça pela dançarina surda María de los Ángeles Narváez Anguita, também conhecida como La Niña de los Cupones – o apelido faz alusão à La Niña de los Peines, uma das mais famosas cantoras de flamenco do século XX, e ao antigo trabalho de María como vendedora de bilhetes lotéricos (cupones) pela ONCE, uma instituição espanhola de apoio à pessoa com deficiência.

Ensurdecida aos seis anos de idade (em decorrência de medicação ototóxica), María Angeles, uma suíça radicada na Espanha, iniciou sua trajetória na dança quando pequena, tendo estudado desde então em algumas das mais prestigiadas instituições de flamenco da Espanha (no final da década de 1990, graduou-se em flamenco no Conservatório de Sevilha como a primeira pessoa surda a realizar tal feito).

Em algumas de suas apresentações, La Niña de los Cupones incorpora com muita beleza a língua de sinais ao flamenco, fundindo a cultura surda ao caldo cultural do qual se origina esse tipo de música/dança (culturas cigana, árabe, moura, judaica, andaluz, etc.).

Abaixo, vídeo da artista em apresentação na XV Bienal de Flamenco de Sevilla (para assistir a outros vídeos, clique aqui e aqui)

 
Maria Angeles
 


Categoria: Dança
País: Espanha / Suíça
Línguas: CastelhanoLengua de Signos Española (LSE)


 

Dansign

Categoria: Dança
País: Espanha
Línguas: Castelhano e Lengua de Signos Española (LSE)

Criado pela bailarina e intérprete de Lengua de Signos Española (LSE) Itahisa Pérez, o projeto Dansign entrelaça o universo da dança com as línguas de sinais. Nesse provável intercâmbio, não só a dança se torna presente entre grupos surdos, como as línguas gestuais (e outros marcadores culturais das comunidades surdas) são promovidas para públicos ouvintes. “Dansign é uma forma de integrar pessoas surdas e ouvintes. Trata-se de nos emocionarmos por igual e de compartilharmos essa emoção em um mesmo nível. O que faço é combinar classificadores, sinais e ritmos, para que sejam muito visuais, a fim de se transmitir uma mensagem. Dansign quer transmitir sempre uma mensagem positiva e criar consciência”, diz Itahisa ao programa En Lengua de Signos (clique aqui para assistir à matéria completa). Entre os vários ritmos coreografados pela dançarina das Ilhas Canárias estão alguns sucessos brasileiros – clique aqui e aqui para ver vídeos do Dansign.

 
Dansign
 

Def Motion

Categoria: Dança
País: Reino Unido
Línguas: Inglês e British Sign Language (BSL)
Site oficial: http://www.facebook.com/defmotion

Em janeiro de 2011, Billy Read e outros jovens surdos (originários de Londres e Wolverhampton) puseram-se a ensaiar uma apresentação de dança para o Deaffest – um dos mais importantes festivais de cinema e arte surda do Reino Unido, realizado em maio daquele ano. O sucesso da performance incentivou o grupo a continuar o trabalho e, semanas mais tarde, já se apresentavam como Def Motion em eventos e festivais por todo o país. Com influência da dança moderna, do hip hop e da street dance, a trupe também oferece hoje cursos e workshops para surdos e ouvintes, além de se apresentar mundo afora. Para acompanhar o grupo no Facebook, clique aqui.

 


 

Dulaang Tahimik ng Pilipinas

Fundado em 1992 com o nome de Teatro Silencio, o hoje Dulaang Tahimik ng Pilipinas (DTP) reúne dançarinos surdos e ouvintes sob a direção da prestigiada coreógrafa surda Myra Medrana, uma das idealizadoras da companhia.

“Para as coreografias do DTP, as letras antecedem as músicas: ‘quando percebo seu tema ou sua atmosfera, penso nos movimentos, ações e expressões que combinam. O ritmo dependerá das vibrações que sentirmos’, diz Medrana” (fonte: The Manila Bulletin).

Ao fundir elementos da dança moderna e contemporânea a sinais da Filipino Sign Language, as apresentações e oficinas dadas pelo grupo – já realizadas em cidades como Los Angeles (EUA), Kuala Lumpur (Malásia) e Paris (França) – chamam a atenção para as práticas culturais surdas, reafirmando que, de fato, “surdos podem fazer tudo, exceto ouvir”.

Clique aqui para ver um álbum de fotos do coletivo e aqui para assistir a um ensaio coordenado por Myra Medrana.

 
Dulaang
 


Categoria: Dança
País: Filipinas
Línguas: Inglês, Filipino e Filipino Sign Language


 

Kol Demama Dance Company

Entre os anos 1960 e 1970, quando dança e surdez se encontravam quase sempre em abordagens terapêuticas, a Kol Demama (Som Silêncio) já reunia, profissionalmente, dançarinos surdos e ouvintes em Israel.

Criada por Moshe Efrati (ex-integrante da prestigiada Batsheva Dance Company),  a companhia reafirmava a dança por seu valor artístico, e não como um mero instrumento de socialização ou reabilitação: “não sou um assistente social, tampouco um terapeuta, sou um coreógrafo”, afirmava o diretor e fundador do grupo. “Para mim, não é uma questão de surdo e ouvinte, mas a fusão de dois mundos”.

Sobre o tablado, os integrantes alinhavam o compasso por meio de vibrações no piso, “tapas no ombro”, toques no corpo, expressões faciais, contatos visuais, gestos e jogos de luzes, todos incorporados às coreografias dos espetáculos. A distinção entre ouvir e não ouvir, assim, desfazia-se no palco, sutil, na beleza dos movimentos (fonte: Arquivo The New York Times, 1984).

Em Tel Aviv, a companhia mantinha uma academia onde centenas de jovens (surdos e ouvintes) praticavam do ballet clássico à dança contemporânea. Algumas décadas depois, para celebrar o pioneirismo do grupo – que se manteve ativo até o final dos anos 90 – um tributo a Moshe Efrati foi realizado em 2011, reunindo ex-integrantes e apoiadores da companhia.

 
Kol Demama
 


Categoria: Dança
País: Israel
Línguas: Hebraico e Israeli Sign Language (ISL)