Na onda das manifestações que eclodiram em outubro de 2019 contra as políticas neoliberais do governo chileno, um grupo de jovens artivistas criou um hino em defesa dos direitos das mulheres que passou a ser entoado em protestos por todo o Chile (clique aqui para assistir à performance).
Intitulado “Um violador en tu camino” (“Um estuprador em seu caminho”), ou “El violador eres tu” (“O estuprador é você”), a intervenção criada pelo coletivo feminista Las Tesis, de Valparaíso, denuncia a violência do patriarcado (e do Estado que o legitima) por meio de uma coreografia executada de olhos vendados: “o patriarcado é um juiz, que nos julga ao nascer, e o nosso castigo é a violência que se vê (…) e a culpa não era minha, nem onde estava, nem como me vestia“. “O estado opressor é um macho estuprador“.
“Não por acaso os versos provocam a dimensão estrutural e individual do poder patriarcal: assim como o macho abusador se protege pela cumplicidade do silêncio entre os homens da polícia, da justiça ou da religião, o Estado opressor se transforma no próprio macho abusador”, afirma a antropóloga Débora Diniz (retirado de El País).
Depois do Chile, a intervenção foi replicada em dezenas de outros países, inclusive no Brasil (clique aqui para saber mais), fazendo reverberar a luta de mulheres de todos os continentes. Também, unindo forças às lutas feministas, um grupo de mulheres surdas (e ouvintes) falantes da Lengua de Señas Chilena (LSCh) lançou uma versão do hino interpretada em língua de sinais – clique no vídeo abaixo.
Esse manifesto estético, a reunir multidões de mulheres anônimas em coro de vozes e sinais, nos faz lembrar da coerência – e da urgência – do apoio das comunidades surdas às lutas e às pautas de gênero – estas, as principais contribuintes das lutas surdas. Avante!
Categoria: Campanhas e Movimentos
País: Chile
Línguas: Espanhol e Lengua de Señas Chilena (LSCh)