Bilhetes

Depois de um período sabático longe dos holofotes, o cantor Tiago Iorc voltou à tona e lançou, em 2019, o seu quinto álbum de estúdio, intitulado “Reconstrução”. Cada uma das treze músicas do álbum conta com um videoclipe que, unido aos outros, forma um filme  maior (em que Iorc contracena com a modelo Michele Alves).

No vídeo abaixo, a música “Bilhetes”, uma das músicas de “Reconstrução”, ganha versão em Língua Brasileira de Sinais traduzida e interpretada por Neemias Santana.

 
Bilhetes
 


Categoria: Sucessos em sinais
País: Brasil
Música: “Bilhetes”
Línguas: Português e Língua de Sinais Brasileira (Libras/LSB)
Letra: “Bilhetes”, de Tiago Iorc
Vídeo oficial: “Bilhetes”, Tiago Iorc


 

Quando ela fala

Na versão em Libras do poema “Quando ela fala”, de Machado de Assis, interpretada por Ana Carolina, Dalva Brandão, Heron Silva e Lucellina Vieira para uma disciplina do curso de Letras – Libras da UFPI, a musa amorosa não fala: sinaliza. (Para ver mais poemas em língua de sinais, clique aqui).

 
Ela fala
 


Categoria: Poesia em Língua de Sinais
País: Brasil
Poema: “Quando ela fala
Línguas: Português e Língua de Sinais Brasileira (Libras/LSB)


 

 

Lauren Ridloff – The Walking Dead

Atenção: alerta vermelho de spoiler! Este post contém informações sobre a 9ª e a 10ª temporada da série The Walking Dead (TWD).

Na trama pós-apocalíptica protagonizada por um pequeno grupo de sobreviventes, uma surpresa: a partir da 9ª temporada, uma personagem de destaque – surda usuária da American Sign Language – se juntará ao elenco central. Eis Connie, interpretada pela atriz surda Lauren Ridloff.

Resgatada pela pequena Judith Grimes (filha de Rick Grimes), ao lado de seus amigos Magna, Yumiko e Luke e de sua irmã Kelly, Connie passa a morar na comunidade de Hilltop e a participar de várias incursões contra os “vilões” da série, ganhando espaço entre os personagens principais.

Por meio de Connie, a surdez é positivada em TWD, não sendo assumida como um impeditivo para a sobrevivência em um mundo tão hostil. Se sua audição não está disponível para lidar com as ameaças de uma realidade sanguinolenta, sua acuidade visual e sua sagacidade a tornam extremamente hábil para se safar e salvar seu grupo, combatendo corajosamente com o seu bodoque (atiradeira) os mortos e os vivos. Como diz a personagem: a surdez é um super-poder.

Walking Dead 01

Para além do deaf gain, a língua de sinais, mesmo que em diálogos específicos, é posta em cena, chamando a atenção de milhões de fãs e espectadores para esse tipo de comunicação. Ao seu redor, muitos personagens passam a aprender um vocabulário simples para interagir com ela, arriscando-se na American Sign Language (em uma cena, Daryl – um dos principais protagonistas de TWD – aparece com uma gramática de ASL no bolso). Quando os sinais não são compreendidos, Connie escreve em um pequeno caderno para se fazer entendida.

O que acontecerá com a sobrevivente/guerreira surda durante a décima temporada (spoiler!) tem deixado muitos fãs apreensivos, à espera de qualquer nova notícia.

Na “vida real”, sem zumbis ou sussurradores, Lauren Ridloff já brilhava no teatro antes de fazer parte do elenco de TWD (2018). Nesse mesmo ano, Ridloff foi indicada ao Tony Awards – uma das principais premiações do teatro norte-americano – como melhor atriz por sua participação na peça Children of a lesser God  / Filhos do Silêncio (assista a trechos, clique aqui).

Lauren Ridloff (Lauren Teruel) nasceu em 1978, em Chicago, em família de pais ouvintes. “Por um tempo, pensei que pessoas surdas não se tornavam adultas, porque eu nunca tinha visto qualquer surdo mais velho (…). Meu pai é mexicano e minha mãe é afro-americana – comigo, eles tiveram a intuição de que eu deveria ter um forte senso de identidade” (retirado de The Oprah Magazine). Enviaram-na, então, para estudar em Washington D.C., distante de sua casa.

Foi quando, no ensino médio, aproximou-se das comunidades surdas ao ingressar no Model Secondary School for the Deaf, na capital do país. Após o colégio, ingressou na California State University, onde se formou em Letras-Inglês. Em 2005, concluiu o mestrado em Educação e, como já fazia ao fim de sua graduação, continuou a atuar como professora, dessa vez em uma escola pública de Nova Iorque (nota: no início dos anos 2000, Lauren ganhou projeção entre as comunidades surdas dos EUA por vencer o Miss Deaf America, um dos principais concursos de beleza surda do continente).

Sua estréia na peça Children of a lesser God deu-se quase de maneira fortuita: para adentrar no mundo surdo, Kenny Leon, o diretor da peça, começou a ter aulas de Língua de Sinais Americana. Sua professora? Lauren Ridloff. Depois de um ano, Joshua Jackson, ator canadense, já estava escalado para o papel principal, mas ainda faltava encontrar uma atriz surda para contracenar com ele. Foi então que Kenny convidou sua professora de ASL para assumir o papel – e o retorno foi tão positivo que Lauren Ridloff foi indicada a diversos prêmios por sua atuação. No mesmo ano, a atriz já estava selecionada para participar das próximas temporadas de The Walking Dead.

Walking Dead 02

Em tempo: a irmã de Connie em TWD, Kelly, que atua como sua intérprete em tempo integral, é representada pela atriz Angel Theory. Após um acidente de carro, Angel começou a perder a audição, e essa condição (atenção, mais spoiler!) também foi transportada para a série: em The Walking Dead, Kelly se vê assustada por estar ensurdecendo. “Quando eu penso em minha história sendo representada por meio da Kelly, lágrimas caem dos meus olhos (lágrimas de felicidade!), porque isso me lembra o quanto Angela Kang (roteirista), os autores e a AMC confiaram em mim desde o começo”, diz Angel. “Eles poderiam ter escrito qualquer coisa que encontrassem no Google, mas, ao contrário, me consultaram e dedicaram tempo para entenderem as coisas boas, as coisas ruins e o que há nesse meio-termo” (retirado de Distractify).

Na cena abaixo, o espectador experimenta, em primeira pessoa, a surdez de Connie durante um ataque de zumbis (efeito até então inédito na série). Clique aqui e aqui para assistir a uma entrevista com Lauren Ridloff.

 
Walking Dead 03
 


Categoria: Performers 
País: Estados Unidos
Línguas: Inglês e American Sign Language (ASL)


 

Bruno Vital

Bruno Vital nasceu em Itaquá (como é conhecida a cidade de Itaquaquecetuba, na região metropolitana de São Paulo), onde hoje, aos 23 anos, continua a morar*. Surdo desde os dois anos de idade, em decorrência de uma meningite, o jovem é sem dúvida um dos principais artistas surdos da cena contemporânea.

Quando pequeno, Bruno encontrava nos desenhos um refúgio seguro e, alheio a tudo o que o rodeava, passava horas a rascunhá-los, quase sempre em preto e branco. Figuras humanas e objetos eram representados à risca nos papéis que lhe chegavam às mãos, e a preocupação com o real, com a exatidão dos contornos, já começava a marcar seus primeiros passos no universo da arte.

Aos poucos, foi entrando em contato com novas referências, novas linguagens e estilos. Certa vez, aos dez anos, sua mãe o chamou para assistir a um anúncio na TV que mostrava o trabalho de Picasso – e aquelas pinturas “esquisitas”, para ele inéditas, acenaram-lhe com uma nova possibilidade de retratar o mundo. Mais tarde, foi a vez de Van Gogh despertar-lhe grande interesse. Afinal, a arte figurativa (mesmo que o termo ainda estivesse distante de seu vocabulário infantil) não podia se dar de várias formas?

Anos depois, de novo pela TV, o jovem soube – um tanto por acaso – da morte do fotógrafo húngaro Thomaz Farkas. Pelo noticiário, Bruno não só se encantou com a beleza das fotografias como decidiu que também se dedicaria a elas, que logo passaram a fazer parte de seu cotidiano (a primeira câmera, analógica, pegou às escondidas nas coisas do pai e a usou com um rolo de filme comprado com as economias que guardara até então; a segunda, digital, conseguiu emprestada de um amigo). Das primeiras fotos tiradas percorrendo bairros de São Paulo aos livros técnicos que se seguiram, novos termos e expressões – como “ISO”, “abertura do diafragma” e “velocidade do obturador” – começaram a lhe povoar os dias.

Nos vários cursos que frequentou (ou que ainda frequenta), Bruno vem reunindo novas experiências ao seu fazer artístico: no curso de Eletromecânica no Senai, por exemplo, o rigor do Desenho Técnico lhe deu mais subsídios para trabalhar com perspectivas, vistas, cortes etc.; em cursos realizados no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), aguçou o contato com a Arte Contemporânea e passou a valorizar a poética dos desenhos, ultrapassando a ortodoxia de representações realistas; na Pinacoteca, pôde pensar em arte e inclusão; na Faculdade Belas Artes, onde cursa Artes Visuais, segue pesquisando e dando novos significados ao que aprendeu até hoje.

Dessa rica miscelânea emergem as suas obras. Em vários suportes (pinturas, fotografias, desenhos, esculturas, instalações), provocam o espectador com imagens e sensações nada triviais, mobilizando-o a confrontar o que é “normal”. Repletas de metáforas e estranhamentos – e sob a influência de artistas contemporâneos como Bruce Nauman (EUA), Christine Sun Kim (EUA) e Evelyn Bencicova (Eslováquia), entre outros -, suas obras quase sempre contam com a presença de formas humanas (fragmentárias) e tensionam ideias relacionadas à exclusão/inclusão, diferença, patologia, normalidade, doença, problema etc. Estereótipos são desfeitos, incômodos são causados e o que é corriqueiro perde espaço para o incomum, sem deixar de lado a sensibilidade, o afeto, a delicadeza do toque e a riqueza do que é diferente. Como indica o título de sua última exposição, realizada na Comuna Sagaz (São Paulo), ganham vida por suas mãos as Utopias fragmentadas: anomalias cotidianas.

* texto escrito para a Revista Espaço (INES), n. 46, jul.-dez. 2016. 
  
Bruno Vital (1)
  


Categoria: Artes Plásticas
País: Brasil 
Línguas: Português e Língua de Sinais Brasileira (Libras/LSB)


  

 

UniCesumar

Para tornar o natal mais acessível a crianças surdas, um Papai Noel se dedica a aprender a Língua Brasileira de Sinais. A propaganda, “inspirada em uma história real” e que então divulgava o curso de Libras (EaD) gratuito da UniCesumar, foi veiculada em dezembro de 2018 e ganhou bastante repercussão na época.

 
UniCesumar
 


Categoria: Propaganda
País: Brasil
Anunciante: UniCesumar
Línguas: Português e Língua de Sinais Brasileira (Libras/LSB)
Site oficial: https://www.unicesumar.edu.br