Pela primeira vez, no Reino Unido, um bebê surdo foi registrado com seu sinal pessoal (nome gestual). Na certidão de nascimento da pequenina Hazel Lichy, um nome bastante improvável consta entre os outros: Hazel UbOtDDstarL Holly Eileen Garfield Lichy.
UbOtDDstarL? No sistema de notação escolhido, a letra [U] indica a região do queixo, onde se articula o sinal (ponto de articulação); [bO], ou “baby O”, faz menção a uma configuração de mão composta por polegar e indicador, a formar um “pequeno o”; [tD] refere-se à orientação do sinal: palma da mão virada para o sinalizador; [Dstar] indica o movimento de abertura das mãos; [L] ilustra a configuração final, em formato de “L”.
O nome gestual dado à Hazel por seus pais, Tomato Lichy e Paula Garfield (também surdos), evidencia mais uma conquista das comunidades surdas britânicas: se familiares ouvintes podem registrar seus filhos em suas línguas nativas (no caso, o inglês), não poderão pais surdos fazer o mesmo? “O nome gestual de minha filha foi escolhido porque sua primeira expressão foi um sorriso (…) e não há como traduzir isto, perfeitamente, para o inglês” (fonte: DailyMail), diz Paula, justificando a escolha do sinal com que batizou seu bebê (bastante similar a “sorriso”, em Libras).
No entanto, o processo não foi simples: em uma primeira tentativa, o registro foi negado, o que fez com que o casal acionasse um advogado para recorrer a seus direitos legais, efetivados ao fim. A insistência valeu um feito inédito, talvez o primeiro de muitos, que devolve à língua de sinais o seu valor linguístico, histórico, cultural e, claro, afetivo – basta olhar para o simpático sorriso da pequena Hazel UbOtDDstarL para logo compreender seu nome.
Para assistir a uma reportagem sobre UbOtDDstarL produzida pelo canal britânico BSL Zone, clique aqui.
Categoria: Outros
País: Reino Unido
Línguas: Inglês e British Sign Language (BSL)