Mamoru Samuragochi

Há quase vinte anos, o compositor japonês Mamoru Samuragochi começou a perder a audição. Mesmo surdo, continuou a compor, conquistando um enorme sucesso. De trilhas de games (como Resident Evil e Onimusha) à “Sinfonia Nº1, Hiroshima” (uma homenagem às vítimas da bomba atômica), suas obras lhe renderam o epíteto de “Beethoven Japonês” – em alusão ao famoso compositor alemão do séc. XVIII, também ensurdecido.

A notoriedade de seu trabalho realizado sem a (suposta) condição primeira para a composição – a audição – fez com que, aos olhos de muitos, o seu brilhantismo fosse ressaltado. Em várias entrevistas, Samuragochi atribuiu a perda de audição a um presente dos deuses: “se você confiar em seu senso musical interior, você cria algo mais verdadeiro. É como comunicar-se pelo coração” (fonte: The New York Times).

Sua genialidade reverberava por vários países, até que, no início de 2014, toda a popularidade ruiu: em comunicado à imprensa, o compositor surdo confessou que, desde a década de 1990, as composições que o alçaram para a fama não eram de sua autoria – foram, na verdade, escritas por Takashi Niigaki, professor de música de uma universidade de Tóquio. A fraude foi confirmada pelo próprio Niigaki, que admitiu ter recebido, ao todo, quase R$ 80 mil reais para compor mais de vinte peças musicais em todos esses anos.

Além da farsa na autoria das obras, muitos (entre eles Niigaki) questionam a surdez do “Beethoven Japonês”, sugerindo que a sua alegada condição de surdo lhe falseava um status de gênio, o que aumentava o seu reconhecimento. Depois de quase vinte anos, desmorona a reputação – e a credibilidade – de um dos poucos “compositores surdos” da atualidade.

 
Mamoru Samuragochi
 


Categoria: Músicas por surdos
País: Japão
Línguas: Japonês Japanese Sign Language (日本手話)


 

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