Traduttore, tradittori (tradutor, traidor), diz a velha máxima inquisidora de traduções. A frase sugere que qualquer texto traduzido, por melhor que seja, é uma traição à obra original.
Os desafios estão postos: que se desfaça, então, a frase já batida. Maiakovski, Guimarães Rosa, Neruda, Kawabata, Goethe, Shakespeare… que continuem a ser partilhados em diferentes línguas.
Em 1999, pesquisadores surdos e ouvintes ligados à Universidade de Yale, nos Estados Unidos, reuniram-se para traduzir a peça “Noite de Reis” (“Twelfth Night”), de William Shakespeare, para a American Sign Language (ASL). O projeto ganhou tamanho, e um belo e rigoroso trabalho foi feito para trazer um dos maiores escritores/dramaturgos de todos os tempos para o universo dos sinais.
No site do projeto (em Inglês e ASL), várias peculiaridades do exercício da tradução foram trazidas à tona, mostrando o cuidadoso trabalho feito pela equipe. Referências culturais, rimas, melodias, metáforas e jogos de palavras (baseados nas semelhanças de sons e escritas dos vocábulos) são transportados com muita beleza para o texto poético em língua gestual, em uma interessante iniciativa que potencializa a riqueza e a complexidade das línguas de sinais. (Nos vídeos e exemplos disponibilizados na página da web é possível acompanhar o processo e as soluções encontradas na tradução).
Categoria: Teatro (Tradução)
País: Estados Unidos
Línguas: Inglês e American Sign Language (ASL)
Site oficial: http://www.aslshakespeare.com